O Brasil se prepara para expandir suas exportações de ovos à medida que os Estados Unidos enfrentam a pior escassez do produto em decorrência de um surto sem precedentes de gripe aviária altamente patogênica e em meio a alta do preço do produto no Brasil. O grupo ABPA, que representa os exportadores brasileiros de aves, suínos e ovos, revisou sua projeção de embarques ao exterior para até 35 mil toneladas em 2025, quase o dobro das 18 mil toneladas exportadas no ano passado.
“Fizemos a revisão considerando as exportações de janeiro e a demanda relatada pelas empresas exportadoras” afirmou Ricardo Santin, presidente da ABPA. “Isso se deveu principalmente às compras dos EUA, que começaram no início do ano”, destacou. A nova estimativa, segundo o jornal O Globo, representa um aumento de 67% em relação à previsão feita pela ABPA em dezembro.
Os Estados Unidos, que antes permitiam a importação de ovos brasileiros apenas para a produção de ração animal, passaram a autorizar a compra do produto para a fabricação de alimentos destinados ao consumo humano, impulsionando as exportações brasileiras. No entanto, o Brasil ainda não pode vender ovos frescos diretamente aos consumidores americanos, pois não possui o acordo sanitário necessário com o país.
A crise no mercado americano tem motivado empresas brasileiras a expandirem sua presença nos EUA. A Mantiqueira Brasil, maior produtora de ovos da América do Sul, que recentemente vendeu 50% de sua participação para a gigante da carne JBS, avalia uma fusão ou aquisição para entrar no mercado americano. Já a Granja Faria contratou bancos para um IPO nos Estados Unidos, segundo informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico.
A forte procura por ovos nos EUA ocorre em meio à crise gerada pelo surto de gripe aviária, que matou dezenas de milhões de galinhas e reduziu drasticamente a oferta do produto. Os preços atingiram níveis recordes, levando supermercados a limitarem a quantidade de ovos por cliente e restaurantes a cobrarem taxas extras para cobrir os custos elevados. Com os ovos desaparecendo das prateleiras e os preços disparando, muitos americanos encontraram uma solução caseira: comprar galinhas para produzir ovos em casa, de acordo com reportagem do jornal The Daily.
No Brasil, o mercado também sente os impactos. Segundo Cláudia Scarpelin, pesquisadora do Cepea, os preços dos ovos dispararam no atacado nos primeiros meses do ano devido a um desequilíbrio entre alta demanda e baixa oferta. O cenário se agrava em períodos de encarecimento das carnes, quando o consumidor busca proteínas mais acessíveis.
Diante da crise, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump anunciou planos para importar até 100 milhões de ovos como parte de uma estratégia para controlar os preços e minimizar os impactos da escassez. O Brasil, maior fornecedor mundial de carne bovina e frango, exportou 2.357 toneladas de ovos apenas em janeiro, com as vendas para os EUA crescendo 33% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do avanço, o volume exportado pelo Brasil ainda representa uma fração da produção total americana, que superou 8 bilhões de ovos em janeiro.
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FONTE: https://www.brasil247.com
REPUBLICADO: VER NOTÍCIAS /CHIQUINHO BARBOSA