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Brasil mira acordos comerciais com Ásia, México e Canadá para conter impactos do tarifaço de Trump

Planalto quer reativar acordos comerciais e aposta em aproximação com Asean e Emirados Árabes para enfrentar barreiras tarifárias dos EUA.

Com o endurecimento das barreiras comerciais dos Estados Unidos impostas pelo presidente Donald Trump, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) brasileiro prepara uma ofensiva para ampliar e diversificar seus mercados.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, o Planalto avalia uma série de frentes para mitigar os impactos do chamado “tarifaço” imposto pela Casa Branca, apostando em negociações com países asiáticos, além do México e do Canadá.

Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, o Brasil pretende adotar uma postura proativa na política comercial, com o objetivo de compensar a perda de espaço no mercado norte-americano e outros efeitos da nova política protecionista de Washington. Entre as prioridades, está a retomada do acordo entre o Mercosul e o Canadá, que teve início em 2018, mas foi interrompido.

Ainda de acordo com a fonte, representantes canadenses demonstraram disposição em aprofundar os laços econômicos com o Brasil. O Canadá também busca reduzir sua dependência dos EUA, após ter sido afetado por tarifas impostas por Trump.

No campo latino-americano, o foco está no México. A afinidade política entre a presidente mexicana Claudia Sheinbaum e o governo Lula abre espaço para a ampliação do Acordo de Complementação Econômica entre os dois países. A meta é aumentar o número de produtos beneficiados, fortalecendo as trocas bilaterais.

A Ásia também entrou de vez no radar de Brasília. O Brasil vai participar da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) com parceiros, marcada para outubro na Malásia, e pretende incluir a Indonésia na agenda de uma possível negociação comercial. Segundo a avaliação interna, as visitas recentes do presidente Lula ao Japão e ao Vietnã ajudaram a destravar caminhos para acordos com países asiáticos. A guinada para o continente será reforçada com uma nova viagem à China, marcada para maio – a segunda no atual mandato.

Além disso, o governo espera anunciar, em breve, um acordo com os Emirados Árabes Unidos. No diagnóstico do Planalto, o cenário global pós-Trump pode favorecer, inclusive, a aprovação do tratado entre União Europeia e Mercosul ainda este ano, apesar das resistências de países como a França.

Ainda conforme a reportagem, outro ponto da estratégia é incluir, nos novos acordos, temas além do comércio de bens, como serviços e investimentos, especialmente com países da América Latina. Mesmo com a política externa do presidente argentino de extrema direita Javier Milei alinhada a Donald Trump, o Brasil não considera que isso represente um obstáculo relevante à sua ofensiva comercial.

O governo também estuda medidas jurídicas contra as tarifas norte-americanas. Conforme a fonte ouvida pela reportagem, o Brasil pode acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar os novos tributos impostos pelos EUA. Essa medida, segundo o Planalto, teria caráter simbólico e reafirmaria o compromisso com o multilateralismo. Se necessário, o Brasil poderá aplicar retaliações com base na legislação aprovada pelo Congresso, que permite medidas recíprocas em caso de barreiras comerciais.

Apesar disso, ainda há diálogo em andamento com autoridades norte-americanas, em especial com técnicos do Departamento de Comércio e do Escritório do Representante de Comércio dos EUA. Embora a prioridade seja a via diplomática, o governo brasileiro mantém alternativas jurídicas preparadas caso o impasse se agrave.

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

FONTE: https://www.brasil247.com

REPUBLICADO: VER NOTÍCIAS /CHIQUINHO BARBOSA

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